Emprego da Vírgula II

a. Situações em que não se emprega vírgula 

Não há quebra de ligação entoacional entre o sujeito e o verbo e entre o verbo e seus complementos. Uma frase como: "Paula deu um presente ao namorado" é pronunciada em um só bloco prosódico. Por esse motivo, não se coloca vírgula alguma, mesmo que um desses complementos esteja fora de sua posição padrão. Exemplo:

A meu amigo Rubem Braga 
digam que vou, que vamos bem: só não tenho é coragem de escrever. 


A meu amigo Rubem Braga é um complemento do verbo dizer (objeto indireto) e está fora de posição, iniciando sua frase poética. Mesmo assim, não há vírgula. Por esse motivo, não devemos, ao fazer uma dedicatória, separar por vírgula o nome da pessoa objeto da nossa cortesia. Exemplo: 

À minha amiga Márcia dedico esse livro. 

b. Situações em que há necessidade de vírgula 

ADJUNTOS ADVERBIAIS EM POSIÇÃO PADRÃO 

Adjuntos adverbiais, são aqueles que trazem a ideia de modo, tempo, lugar, meio, instrumento etc. A posição considerada padrão desses adjuntos é no final da oração. Se acrescentássemos ao nosso primeiro exemplo um adjunto de tempo em posição padrão, teríamos algo como: 

Paula deu um presente ao namorado ontem. 

Quando há apenas um adjunto adverbial em posição padrão, pode ou não haver quebra de ligação entoacional antes dele. Podemos dizer, pois: 

/ Paula deu um presente ao namorado ontem / . 
ou
/ Paula deu um presente ao namorado / ontem / . 

Por esse motivo, QUANDO EXISTE UM ÚNICO ADJUNTO ADVERBIAL EM POSIÇÃO PADRÃO, A VÍRGULA É FACULTATIVA. Podemos escrever, portanto;

Paula deu um presente ao namorado ontem. 
ou 
Paula deu um presente ao namorado, ontem. 

Imaginemos, agora, mais de um adjunto adverbial em posição padrão,em uma frase como: 

Paula deu um presente ao namorado ontem depois do jantar. 

Nessa situação, teremos de fazer pelo menos uma quebra de ligação entoacional. Poderíamos fazer também duas quebras, o que nos levaria a ter as seguintes possibilidades:

/ Paula deu um presente ao namorado / ontem depois do jantar / . 
/ Paula deu um presente ao namorado ontem / depois do jantar / . 
/ Paula deu um presente ao namorado / ontem / depois do jantar / .

Concluindo, temos de empregar pelo menos uma vírgula. Podemos utilizá-la para separa o último adjunto, que ficaria isolado no final da frase, ou para separa ambos, num só bloco como em: 

Paula deu um presente ao namorado ontem, depois do jantar. 
Paula deu um presente ao namorado, ontem depois do jantar. 

Podemos, também, utilizar duas vírgulas, separando os dois adjuntos em blocos separados, como em: 

Paula deu um presente ao namorado, ontem, depois do jantar.





Vinícius de Moraes, “Mensagem a Rubem Braga”. Em O Operário em Construção e Outros Poemas, p. 58. 

Fonte: "Gramática Mínima- para o domínio da língua padrão", por Antônio Suárez Abreu. 3ª Edição. São Paulo. 










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