Emprego da Vírgula

Quando falamos, nunca pronunciamos as palavras isoladamente, ou seja, não dizemos coisas como:

 / O / congresso / aprovou / o / orçamento / .

Quando falamos, juntamos as palavras em unidades ou blocos fonéticos chamados grupos entoacionais ou prosódicos. Assim, a frase anterior compõe-se de um único bloco prosódico:

/ O congresso aprovou o orçamento / .

Se reunirmos duas orações como:

/ O congresso aprovou o orçamento /  depois que os partidos entraram em acordo / .

observamos que, justamente na fronteira entre a oração principal (a primeira) e a subordinada (a segunda), houve uma quebra de ligação entoacional que devemos assinalar, na escrita, por meio de uma vírgula. Dessa maneira, teríamos de reescrever a frase anterior como:

O congresso aprovou o orçamento, depois que os partidos entraram em acordo. 

As vírgulas são, portanto, recursos gráficos utilizados para assinalar, na escrita, as quebras de ligação entoacional marcadas pela sintaxe e que promovem o "o empacotamento" das frases de um texto em blocos prosódicos. Estudar o emprego da vírgula é, portanto, aprender a assinalar, na escrita, as quebras de ligação entoacional originadas na sintaxe das frases. Essas quebras não são feitas de maneira aleatória. Ninguém pode dizer, por exemplo: 

/ O congresso / aprovou o / orçamento / . 

dividindo essa frase nesses três blocos prosódicos. 
O "empacotamento sintático-prosódico" favorece enormemente a compreensão daquilo que dizemos e a legibilidade daquilo que escrevemos. Quebrar as ligações entoacionais de modo diferente pode mudar a sintaxe ocasionando, muitas vezes, sentidos completamente diferentes.  




Fonte: "Gramática Mínima - para o domínio da língua padrão"por Antônio Suárez Abreu. 3ªEdição. São Paulo








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